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terça-feira, 21 de abril de 2009

O QUE TORNA UM ÍNDIO, ÍNDIO?



Desde que iniciamos este trabalho de pesquisa e apresentação da Cultura Indígena, surgiram diversos questionamentos por parte de colegas. Acredito que uma grande dúvida de alguns professores e sociedade em geral, se dá na identificação da etnia indígena, em particular. A imagem que nos vem a mente quando pronunciamos a palavra índio, é sempre algo que remete às imagens acima: Figuras exóticas, nuas, pintadas, com cocares, cabelo lisinho e, que moram em ocas! Para muitas pessoas é difícil conceber um índio diferente destes padrões, idealizados pelo positivismo de Rondon, Orlando e Darcy.



A falta de conhecimento sobre essa questão é responsável por uma visão esteriotipada, discriminatória e preconceituosa.



Para elucidar o assunto, com a palavra Prof. Edson Hely Silva* (UFPE):



Além do biotipo, a questão da "descendência" indígena não são, há muito tempo, critérios antropológicos válidos e aceitáveis para definição de quem é índio. O Brasil é signatário da Convenção 189 da OIT, e lá diz que os Estados nacionais devem reconhecer os grupos étnicos que se afirmam como tais. E ponto final!
Quando ocorrem dúvidas por questões de conflitos de terras, a Justiça solicita uma perícia antropológica de um/a especialista, que faz uma pesquisa documental sobre as terras em questão (em geral um ex-aldeamento que foi sendo invavido e as terras tomadas dos índios), e a partir das memórias e narrativas orais sobre a organização política e a expressões culturais próprias do grupo (Toré, rituais, etc., etc.). Os chamados tecnicamente "sinais diacríticos", ou seja, sinais de distintividade daquele grupo em relação a população vizinha.
Afora isso, é preciso dizer, bem resumidamente, que: a identidade étnica hoje não é pensada em oposições do tipo "pura" X misturada, ou, menos índios X mais índios, ou também "perda" X "preservação cultural".A identidade é vista pela atual reflexão antropológica como relacional, processual. Melhor dizendo, ela resulta de contextos e situações, ou seja: ela é foi/e construida historicamente.


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*Doutor em História Social pela UNICAMP. Mestre em História pela UFPE. Pesquisador do Laboratório de Estudos em Movimentos Étnicos-LEME/UFCG; do Núcleo de Estudos e Debates sobre a América Latina-NEDAL/UFPE; e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade-NEPE/UFPE. Leciona História no Col. de Aplicação/CENTRO DE EDUCAÇÃO-UFPE.
E-mail: edson.edsilva@gmail.com

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