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sexta-feira, 10 de abril de 2009

BRASILEIROS, PERNAMBUCANOS E ÍNDIOS SIM, SENHOR!


Para uma outra abordagem da temática indígena no Ensino de História: superando equívocos, preconceitos e omissões.



Por Edson Silva *



As pesquisas e reflexões históricas que ora vem sendo realizadas sobre os povos indígenas no Nordeste, a partir de abordagens que incorporam as discussões interdisciplinares mais recentes, além de possibilitarem rever uma história linear, ufanista, como uma grande conquista, estão contribuindo para um maior conhecimento das relações coloniais. Onde os indígenas foram e são atores/sujeitos, contribuindo também para compreensão do processo histórico de emergência étnica na Região e da atualidade dos povos indígenas no Nordeste.
Nos últimos anos, os povos indígenas no Nordeste, assim como em todo o Brasil fortaleceram suas organizações, intensificaram as mobilizações pelo reconhecimento étnico enquanto povos diferenciados, pela demarcação e retirada dos invasores de suas terras, pelas conquistas e garantia dos seus direitos a uma assistência de saúde e educação diferenciadas. Esses povos ocupam um inegável lugar no cenário político, obrigando-nos a rever a História, superar equívocos, preconceitos e omissões e a tradicional idéia errônea de uma homogeneidade cultural no Brasil. O Ensino de História deve incorporar essas discussões, ou do contrário continuará reproduzindo imagens ultrapassadas, descabidas e violentas sobre/contra os povos indígenas.
A seguir estão sugestões a serem discutidas e implementadas no sentido de contribuir de forma efetiva com o fim dos equívocos, preconceitos e omissões no ensino sobre a temática indígena. Essas propostas devem estar baseadas antes de tudo nos esforços do conhecimento da situação em que vivem e a superação de toda e qualquer forma de discriminações contra os povos indígenas, bem como e pelo reconhecimento de seus direitos históricos:


· Incluir a temática indígena nas capacitações, estudos e treinamentos periódicos do professorado, a ser abordada na perspectiva da pluralidade cultural historicamente existente no Brasil e na sociedade em que vivemos: através de cursos, seminários, encontros de estudos específicos e interdisciplinares destinados ao professorado e demais trabalhadores/as em educação, com a participação de indígenas e assessoria de especialistas reconhecidos.


· Promover estudos específicos para que o professorado de História possa conhecer os povos indígenas no Brasil, possibilitando uma melhor abordagem ao tratar da temática indígena em sala de aula, particularmente nos municípios onde atualmente habitam povos indígenas.


· Estimular e apoiar professores/as que possuam interesses em aprofundar através de cursos de pós-graduação os estudos sobre os povos indígenas.


·Intensificar a produção, com assessoria de pesquisadores/as especialistas, de vídeos, cartilhas, subsídios didáticos sobre os povos indígenas para serem utilizados em sala de aula. Proporcionar o acesso a publicações: livros, periódicos, etc., como fonte de informação e pesquisa sobre os povos indígenas.


· Promover momentos de intercâmbios entre os povos indígenas e os estudantes durante o calendário letivo, através de visitas previamente preparadas do alunado às aldeias, bem como de indígenas às escolas. IMPORTANTE: ação a ser desenvolvida principalmente nos municípios onde atualmente moram os povos indígenas, como forma de buscar a superação dos preconceitos e as discriminações.


· Ampliar o “Dia do Índio” para uma “Semana dos Povos Indígenas” a ser promovida com exposições de trabalhos e pesquisas interdisciplinares realizadas pelo alunado, exibição de vídeos, fotografias, debates com a participação de indígenas, estudiosos/as, instituições indigenistas, etc., como forma de proporcionar maior conhecimento sobre a situação e diversidade sociocultural dos povos indígenas.


· Discutir e propor o apoio aos povos indígenas, através do estímulo ao alunado, com a realização de abaixo-assinados, cartas às autoridades com denúncias e exigências de providências para as violências contra os povos indígenas, assassinatos de suas lideranças, etc. Estimulando assim através de manifestações coletivas na sala de aula, o apoio às campanhas de demarcação das terras e garantia dos direitos dos povos indígenas.


· Enfim, promover ações pautadas na perspectiva da diversidade cultural e dos direitos dos povos indígenas, bem como do reconhecimento de que o Brasil é um país pluricultural e pluriétnico.



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*Doutor em História Social pela UNICAMP. Mestre em História pela UFPE. Leciona História no CENTRO DE EDUCAÇÃO/Col. de Aplicação/UFPE. Pesquisador da história indígena em Pernambuco, com vários artigos publicados sobre o tema. Assessor para área de História na formação dos/as professores/as indígenas em Pernambuco e no Projeto PROFORMAÇÃO/MEC/SEDUC-PE. E-mail: edson.edsilva@gmail.com

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