Excelentísimo(a) Sr(a). Desembargador(a),
Tomamos conhecimento de que o cacique Marcos Luidson de Araújo e outros trinta indígenas Xukuru foram condenados em virtude dos incidentes do dia 7 de fevereiro de 2003, ocorridos na Vila de Cimbres, dentro da terra Xukuru, no município de Pesqueira, o que nos deixou bastante preocupados.
O povo Xukuru e suas lideranças, como o cacique Marcos e seu pai, o cacique Chicão Xukuru, são reconhecidos nacional e internacionalmente pela luta incansável pela recuperação de seu território tradicional e pelo respeito à organização social dos povos indígenas. Ambos sempre atuaram em defesa dos direitos humanos e do reconhecimento de um Estado pluriétnico e multicultural, motivo pelo qual o cacique Chicão foi assassinado em 1998.
A análise do processo que resultou nas 31 condenações evidencia haver irregularidades, uma vez que importantes fatos relativos a provas não teriam sido analisados em si mesmos e nem dentro do contexto específico em que se inserem, ou seja, o projeto de fortalecimento do povo Xukuru.
No processo, não ficou evidenciado, e devidamente sopesado, que foi o assassinato de dois jovens indígenas e a tentativa de assassinato do cacique Marcos, na manhã daquele dia, que geraram a reação da comunidade Xukuru como um todo.
Quase todas as testemunhas de acusação são consideradas inimigas do projeto de fortalecimento do povo Xukuru. Além disso, provas importantes que poderiam conduzir a outro tipo de decisão não teriam sido devidamente analisadas.
Confiando no Poder Judiciário Brasileiro, esperamos que seja feita *JUSTIÇA*!
Tomamos conhecimento de que o cacique Marcos Luidson de Araújo e outros trinta indígenas Xukuru foram condenados em virtude dos incidentes do dia 7 de fevereiro de 2003, ocorridos na Vila de Cimbres, dentro da terra Xukuru, no município de Pesqueira, o que nos deixou bastante preocupados.
O povo Xukuru e suas lideranças, como o cacique Marcos e seu pai, o cacique Chicão Xukuru, são reconhecidos nacional e internacionalmente pela luta incansável pela recuperação de seu território tradicional e pelo respeito à organização social dos povos indígenas. Ambos sempre atuaram em defesa dos direitos humanos e do reconhecimento de um Estado pluriétnico e multicultural, motivo pelo qual o cacique Chicão foi assassinado em 1998.
A análise do processo que resultou nas 31 condenações evidencia haver irregularidades, uma vez que importantes fatos relativos a provas não teriam sido analisados em si mesmos e nem dentro do contexto específico em que se inserem, ou seja, o projeto de fortalecimento do povo Xukuru.
No processo, não ficou evidenciado, e devidamente sopesado, que foi o assassinato de dois jovens indígenas e a tentativa de assassinato do cacique Marcos, na manhã daquele dia, que geraram a reação da comunidade Xukuru como um todo.
Quase todas as testemunhas de acusação são consideradas inimigas do projeto de fortalecimento do povo Xukuru. Além disso, provas importantes que poderiam conduzir a outro tipo de decisão não teriam sido devidamente analisadas.
Confiando no Poder Judiciário Brasileiro, esperamos que seja feita *JUSTIÇA*!
PS.(Carta escrita coletivamente pelos alunos da 4ª série C, transcrita na íntegra )
Excelência,
A carta acima com certeza já deve ter sido enviada por outras pessoas que acreditam no senhor como representante da justiça, mas nós queremos que o senhor saiba que nosso futuro depende das decisões que o senhor tomar, porque já nascemos no meio de muitas injustiças, e o senhor pode ajudar a mudar essa realidade tão triste.
Na escola, aprendemos que os índios desde que os portugueses chegaram, são vítimas de todo tipo de perseguição. O senhor estudou isso também, não foi Excelência? Os portugueses de 1500 não existem mais. Só temos nós, os brasileiros. E os índios também são brasileiros, não é Excelência? Eles já sofreram demais. Por favor, nos ajude a continuar acreditando que o Brasil pode confiar na justiça, como nos ensinou a professora, que é para proteger a todos que dela necessitam. Muito obrigado por sua atenção, Excelência. Que o senhor também fique com "a pureza da resposta das crianças"!
Atenciosamente,
*Abraão Lemos Ferreira
*Adeilson Juvencio Lindoso da Silva
*Andresa Maria Tenório
*Beatriz Dayanne Heráclio da Silva
*Clara Daniely da Silva Lima
*Daniel Severino da Silva
*Danilo Rodrigues de Melo
*Ewellin Cristiny da Silva Oliveira
*Felipe Mateus Costa Silva
*Gabrielli Maria Gomes
*Graziella Rodrigues dos Santos
*Jonatha Alves de Barros
*Jonathan Sales da Silva
*José Douglas de Lira
*José Fabrício Vicente
*José Vinícius do Ramo Rodrigues
*Jhony Soares Ferreira da Silva
*João Vítor Bezerra de Lima
*Kleiciane Nayara Maria dos Santos
*Leila Jece Pereira de Medeiros
*Maria Brena de Oliveira Dutra
*Maria Eduarda Bezerra
*Maria Victória da Silva
*Pedro Adeildo da Silva
*Pedro Henrique da Silva
*Philip Medeiros dos Santos
*Roney Felipe Alves da Silva
(Alunos da 4ª série "C" da Escola Municipal John Kennedy - Gravatá- PE)
Educadora: Sunamita Silva de Oliveira Albuquerque - mat. 3419
8 comentários:
Não entendo como um processo pode ter tantas irregularidades... Isto, simplesmente, não é possível. O que faltou? Defensor? Testemunhas? Os dois?
ANYA
Querida ANYA,
Faltou IMPARCIALIDADE!!
Abçs.,
Sunamita Oliveira e a geração futuro do Brasil mais justo!
Cara Sunamita:
Você tocou em um bem muito caro: a imparcialidade. Ontem, revi Dr. Jivago. Ali faltou toda a imparcialidade do mundo, em nome de uma suposta revolução. Não se enxergou o outro tornando-se àquela época, trágica de se viver. Precisamos nos tornar melhores, e ver o próximo como próximo, quando detemos o poder, e quando em situação adversa. Penso que devem ter acontecido incidentes que – bem antes dos fatos narrados nos processos – arrasaram amizades, desmoronaram confianças e distanciaram pessoas. Talvez em nome de um suposto empoderamento, como no filme russo. Sempre a Rússia. Tão amada. Mas, emergindo no presente, é uma situação triste, para quem quer que seja. Cabe a tod@s não gastar os seus melhores anos procurando TONYA.
Abraços,
ANYA
Caríssima ANYA,
Confesso que não conheço tão profundamente a história do povo russo, todavia, tenho me debruçado com dedicação e imparcialidade sobre a história de nosso povo, em particular, dos nativos. Não nos conhecemos, o que é uma pena, mas ao que me parece, até agora você leu apenas a história narrada pelos colonizadores (atuais fazendeiros, talvez?)!!
Será que estamos tratando dos mesmos assuntos?
Algum problema com a opção "anônimo"?
Abçs.,
Sunamita Oliveira
Cara Sunamita:
Sim, estamos tratando dos mesmos assuntos. Conheço muito bem a história do povo xukurú. Ouvi-a, primeiramente, da boca do saudoso Cacique Chicão. Depois, de muitas outras pessoas. Ainda tenho o convencimento de que é um povo altaneiro e de luta. Não me relaciono com nenhum dos ex-invasores daquela terra indígena. Por absoluta opção, eis que sempre, pude, fazer minhas escolhas e essas nunca recaíram nos mais fortes, fossem quem fossem. Sou anarquista e discípula de Bakunin e Henry David Thoreau. Logo, nunca fui submissa ao clero, o que me causou o que hoje chamo de muitas chateações, mais acentuadas quando trabalhei com nativos aldeiados. O tempo as dissipou. Estou usando a opção anônimo, porque é a única que disponho, no mecanismo do blog. Não detenho inscrições na net.
Abraços,
ANYA
Cara Sunamita:
Sim, estamos tratando dos mesmos assuntos. Conheço muito bem a história do povo xukurú. Ouvi-a, primeiramente, da boca do saudoso Cacique Chicão. Depois de muitas outras pessoas. Ainda tenho o convencimento de que é um povo altaneiro e de luta. Não me relaciono com nenhum dos ex-invasores daquela terra indígena. Por absoluta opção, eis que sempre, pude, fazer minhas escolhas e essas nunca recaíram nos mais fortes, fossem quem fossem. Sou anarquista e discípula de Bakunin e Henry David Thoreau. Logo, nunca fui submissa ao clero, o que me causou o que hoje chamo de muitas chateações, mais acentuadas quando trabalhei com nativos aldeiados. O tempo as dissipou. Estou usando a opção anônimo, porque é a única que disponho, no mecanismo do blog. Não detenho inscrições na net.
Abraços,
ANYA
Está explicado! Quem sabe não nos encontramos qualquer dia para somar forças contra as injustiças?
Abçs.,
Sunamita Oliveira
Que lindo!
Desde cedo exercendo a cidadania e se interando da nossa realidade.
As crianças tem um poder fantástico de nos sensibilizar.
Parabéns criançada!!!
Professora parabéns pelo envolvimento.
Alâice (obrigada).
Marileia Taiua - indígena do povo Kurâ-Bakairi no Mato Grosso
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