Comparar o modo de viver de diferentes povos em épocas distintas é uma maneira eficiente de discutir a diversidade
REVISTA NOVA ESCOLA - Bruna Nicolielo (bruna.nicolielo@abril.com.br)
MODOS DE VIVER Entre o povo kamayurá, no Norte do Brasil, as ocas eram construídas com estruturas de madeira e taquara, além da cobertura de palha. Elas não têm divisão interna e servem de moradia para várias famílias. Hoje, estas habitações continuam a existir nas aldeias.
Essa proposta de trabalho tem outro benefício: romper com as generalizações que ignoram as características dos 230 diferentes povos que habitam o Brasil (leia o quadro abaixo). Hoje, há 500 mil índios no país, segundo um levantamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) de 2011. Eles formam um conjunto diverso: há os que vivem isolados ou mantendo pouco contato com outros povos e os que estão integrados ao restante da população brasileira. Nesse segundo grupo, o cotidiano não segue um padrão, pois eles vivem realidades diferentes. Alguns frequentam escolas indígenas e aprendem o português como Língua Estrangeira. Outros fogem da falta de terra e da pobreza do campo, migrando para as periferias de grandes cidades. Há ainda etnias que cultivam brincadeiras típicas, embora tenham abandonado os adornos tradicionais. Uma realidade multifacetada que a escola precisa problematizar.
É importante reforçar para os alunos que a imagem do selvagem de cocar e penas, cristalizada no imaginário de muitos, não corresponde à realidade. "Ela já não explica a complexidade de situações que atualmente envolvem os modos de ser indígena e precisa ser repensada", diz o antropólogo Florêncio Almeida Vaz Filho, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Os erros mais comuns
- Trabalhar temas da cultura indígena em datas pontuais, como o Dia do Índio. A história dos índios não pode ser tratada só em efemérides, com ênfase em aspectos exóticos ou como uma curiosidade.- Encarar as etnias indígenas como um todo homogêneo, descontextualizadas de seu tempo histórico. Tal abordagem reforça estereótipos e idealizações. A diversidade das populações indígenas e os conceitos de sua história devem ser debatidos.
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