Liana Utinguassú - Porto Alegre
Recentemente, visitei a Aldeia Sucupira, do Povo Xukuru do Ororubá, e ao retornar, postei em minha página do orkut, algumas imagens que registrei do Toré. Uma amiga fez o seguinte comentário, abaixo da foto: "Nem parecem índios de verdade"!
O comentário dessa amiga poderia ser um precedente ou excessão, mas, lamentavelmente, é mais comum do que se imagina. De acordo com o Cacique Marcos Xukuru, em entrevista ao Informativo do Deputado Isaltino Nascimento (PT - PE), "é fundamental se discutir a educação indígena nas escolas do Estado (e municípios) assim como a educação Afro-brasileira. Muita gente nem sabe que existem índios em Pernambuco".
Os livros didáticos ainda são os grandes responsáveis pela propagação dessa imagem esteriotipada do índio brasileiro, que é apresentada as crianças nas séries iniciais, muitas vezes uma imagem folclórica. Boa parte das informações são/estão desencontradas e ultrapassadas. Mas, não há tempo para chorar o "leite derramado".
Alguns profissionais da educação (nos quais me enquadro), embora não sejam "tecnicamente" índios, são mais do que simpatizantes da causa, são conscientes de que "a sabedoria milenar dos povos indígenas revela um carisma original, manifestado em outras formas de aprendizagem, da criação de brinquedos, flechas, danças, vestes, pinturas, mitos, línguas, sons, habitação, o índio, ícone da vivência holística, uma rara folhagem, manifestação das raízes mais profundas da tradição brasileira de educar, mosaico da identidade e formação da cultura nacional, da indigenidade, americana e latino-americana" (HUTTNER, E.)
A partir desta compreensão, nos empenhamos na implantação de políticas educacionais que abranjam esta temática, não apenas como tema transversal, mas como disciplina da grade curricular, a fim de que toda essa riqueza possa ser (re)conhecida, de direito, como determina a Lei Federal 11.645/08, e de fato!
Em outras matérias deste blog, já discutimos o tema miscigenação, e apresentamos aqui as constatações acerca do processo de colonização que se iniciou aqui pelo nordeste brasileiro. Nossos índios foram os primeiros a receber e perceber os impactos da chegada dos europeus.
Mas, o tempo urge, como bem diz minha amiga Liana Utinguassú. Se os livros didáticos não facilitam a grandiosidade do ser índio, buscaremos outros meios de fazer com que as informações certas cheguem até nossos estudantes.
Neste trabalho, a internet tem sido uma ferramenta muito útil. Como disse em outro texto, tive oportunidade de "conhecer" (virtualmente) muitos parentes índios, e tive uma recepção maravilhosa por parte deles. A proposta que apresentei foi aceita de por eles, de contar suas histórias e de seu povo, como protagonistas, colocando as questões da atualidade. Hoje não existem mais portugueses, holadenses e espanhóis "colonizando" o Brasil, todavia, os problemas de nossos irmãos não cessaram, muito pelo contrário. Os algozes apenas mudaram de nacionalidade e status. Os bugreiros hoje vestem paletó e gravata, andam de carro importado e são pagos, boa parte deles, com dinheiro público!
Já apresentamos a história de pelo menos 03 parentes, bem como, suas artes e o trabalho que realizam na divulgação de sua cultura.
Continuaremos essa abordagem sobre o "Ser índio", mas por ora, quero lhes apresentar MEUS PARENTES, IRMÃOS E AMIGOS.
Recentemente, visitei a Aldeia Sucupira, do Povo Xukuru do Ororubá, e ao retornar, postei em minha página do orkut, algumas imagens que registrei do Toré. Uma amiga fez o seguinte comentário, abaixo da foto: "Nem parecem índios de verdade"!
O comentário dessa amiga poderia ser um precedente ou excessão, mas, lamentavelmente, é mais comum do que se imagina. De acordo com o Cacique Marcos Xukuru, em entrevista ao Informativo do Deputado Isaltino Nascimento (PT - PE), "é fundamental se discutir a educação indígena nas escolas do Estado (e municípios) assim como a educação Afro-brasileira. Muita gente nem sabe que existem índios em Pernambuco".
Os livros didáticos ainda são os grandes responsáveis pela propagação dessa imagem esteriotipada do índio brasileiro, que é apresentada as crianças nas séries iniciais, muitas vezes uma imagem folclórica. Boa parte das informações são/estão desencontradas e ultrapassadas. Mas, não há tempo para chorar o "leite derramado".
Alguns profissionais da educação (nos quais me enquadro), embora não sejam "tecnicamente" índios, são mais do que simpatizantes da causa, são conscientes de que "a sabedoria milenar dos povos indígenas revela um carisma original, manifestado em outras formas de aprendizagem, da criação de brinquedos, flechas, danças, vestes, pinturas, mitos, línguas, sons, habitação, o índio, ícone da vivência holística, uma rara folhagem, manifestação das raízes mais profundas da tradição brasileira de educar, mosaico da identidade e formação da cultura nacional, da indigenidade, americana e latino-americana" (HUTTNER, E.)
A partir desta compreensão, nos empenhamos na implantação de políticas educacionais que abranjam esta temática, não apenas como tema transversal, mas como disciplina da grade curricular, a fim de que toda essa riqueza possa ser (re)conhecida, de direito, como determina a Lei Federal 11.645/08, e de fato!
Em outras matérias deste blog, já discutimos o tema miscigenação, e apresentamos aqui as constatações acerca do processo de colonização que se iniciou aqui pelo nordeste brasileiro. Nossos índios foram os primeiros a receber e perceber os impactos da chegada dos europeus.
Mas, o tempo urge, como bem diz minha amiga Liana Utinguassú. Se os livros didáticos não facilitam a grandiosidade do ser índio, buscaremos outros meios de fazer com que as informações certas cheguem até nossos estudantes.
Neste trabalho, a internet tem sido uma ferramenta muito útil. Como disse em outro texto, tive oportunidade de "conhecer" (virtualmente) muitos parentes índios, e tive uma recepção maravilhosa por parte deles. A proposta que apresentei foi aceita de por eles, de contar suas histórias e de seu povo, como protagonistas, colocando as questões da atualidade. Hoje não existem mais portugueses, holadenses e espanhóis "colonizando" o Brasil, todavia, os problemas de nossos irmãos não cessaram, muito pelo contrário. Os algozes apenas mudaram de nacionalidade e status. Os bugreiros hoje vestem paletó e gravata, andam de carro importado e são pagos, boa parte deles, com dinheiro público!
Já apresentamos a história de pelo menos 03 parentes, bem como, suas artes e o trabalho que realizam na divulgação de sua cultura.
Continuaremos essa abordagem sobre o "Ser índio", mas por ora, quero lhes apresentar MEUS PARENTES, IRMÃOS E AMIGOS.
Yamalui Bambán Meninaku - Mato Grosso (Xingu)
Marcelo Guarani Werá Djekupé - Espíto Santo - etnia Guarani
Marcelo Guarani Werá Djekupé - Espíto Santo - etnia Guarani
Meu querido irmão e amigo Tupã Nembo' aguaraviju (Paraná - etnia Avá Guarani - meu professor de guarani)
Leonardo Werá - Santa Catarina
Fidelis Baniwa - Amazonas
Leonardo Werá - Santa Catarina
Fidelis Baniwa - Amazonas
Some-se a estes, os nomes dos amigos Txydjo Euraktan Siqueira, da etnia fulni-ô, e atualmente reside no Rio de Janeiro, divulgando seu trabalho como artista plástico, Poran (Tanielson), cuja história apresentei aqui, Bu'u Kennedy, Hutinho Parawanim, Denilson Baiwa, Mawapey Kaxinawa.
Nosso trabalho está apenas começando. Como já disse: "A história dos índios contadas pelos próprios índios. Até que enfim"!!
Até a próxima!
Um comentário:
Olá Sunamita,
Verifique se este comentário saiu lá em seu blog?
Grata
Liana
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SÓ É INDIO QUEM OPTA POR SER.
Irmãos, Parentes e Amigos..A Matéria em questão Sunamita, tem um amplo espectro de interpretações e é mais que IMPORTANTE!
Ser ou Não ser..Parecer, Indio e outras interpretações do gênero pessoalmente penso que devemos sempre refletir sobre o que é importante realmente? Acredito que a Humanidade deva assumir-se Indígena e Negra, Mestiça, SIM, pois assim somos.
Mas, vou me permitir um parênteses pessoal aqui, pois desde sempre me assumo como Indígena, sem jamais esquecer também minhas " misturas"..
Nunca escondi e agradeço ter nascido exatamente onde nasci e ser como sou, sem jamais ter esquecido minhas raízes.Mais ainda, ter buscado retomar e estar integrada no nivel mais profundo para mim que é o ESPÍRITO e Coração como uma Guarani.
Muitos me dizem : Voce não é PURA! Pois bem, então nenhum Brasileiro é PURO?? Que termos são estes? Puro, impuro? Isto me soa "estranho"..tudo que seja discriminatório, preconceituoso, me causa arrepios, MUITOS, além de não contribuir em nada, só afasta-nos dos objetivos que estão acima de SER OU NÃO SER.
Nunca busquei SER Aceita, e meus Pais Guarani(Padrinhos Djidjocó e Doralice -Txai) me recebem de braços abertos assim como outros parentes em muitos cantos por todas as Américas.
Tenho MUITA GRATIDÃO E PROFUNDO RESPEITO aos meus Ancestrais. PELA TERRA E PELOS FILHOS DA TERRA.
Parabéns por sua matéria, e que bom se a Humanidade Optasse por "SER" DE TODAS AS CORES, talvez assim pudéssemos ter um ARCO ÍRIS em nossa alma e CORAÇÃO!
Interessante,porque para muitos dos nossos Parentes, o ARCO IRIS trás uma PROFECIA que independe de "Raças, ou Cores", aliás, é o que menos importa aqui, para PAZ, UNIÃO e um Mundo Justo à Todos e as nossas Crianças.
Liana Utinguassú
Filha da Terra e Guarani
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