"Não necessitam de médicos os sãos, mas sim ,os doentes." (Jesus Cristo -Marcos 2:17)
Programa "Mais Educação" em algumas escolas de Gravatá, está excluindo alunos com problemas de comportamento. Este texto pode parecer denúncia, reclamação ou pura pentelhice, mas na realidade, tem a intenção de provocar uma reflexão sobre os motivos que estão provocando estas ações.
Embora seja uma ávida crítica da transferencia de responsabilidades imposta pelo governo e pela própria sociedade, para a escola e professores, no cuidado das crianças, concordo com a teoria de Josué de Castro, no que concerne a questão da fome no Brasil, parafraseando uma de suas citações: "se a escola não tem obrigação de resolver o problema da fome, cabe a ela ao menos matar a fome do dia, de forma plena". Acredito que essa teoria se aplica também ao projeto de educação integral do governo federal, que visa deixar sob o cuidado da escola um número consideraval de crianças em situação de risco. Nesse caso, o perfil desses alunos já é (re)conhecido pela escola. São crianças que vivem em lares instáveis, sem referencia de autoridade, com pais prostituidos e/ou drogados, alcolatras, violentos, sem alimentação adequada...enfim, com sérios problemas de ordem comportamental, advindos do abismo social no qual estão imersos. Não há novidade nas escolas públicas quanto ao perfil da maioria de seus clientes/alunos.
Quando Jesus estava sentado à mesa na companhia de pecadores,foi questionado pelos fariseus,os religiosos da época,por causa desta atitude. Então Jesus lhes respondeu: "Não necessitam de médicos os sãos, mas sim ,os doentes."
Não cabe a desculpa de falta de estrutura fisica, pois este é também um problema que, embora esteja sendo minimizado neste governo, com as reformas e ampliações das escolas, já acompanha a educação há décadas. Neste caso, houve tempo suficiente para buscarmos adequações, outras alternativas, parcerias, enfim: solução. Reclamar é algo peculiar aos desprovidos de capacidade de transformar o meio e melhorar a situação adversa.
Uma questão que cabe discussão e reflexão é o perfil da equipe escolar quanto ao compromisso assumido para com nossas crianças (do porteiro ao gestor) e a equipe do programa, tanto os monitores quanto os coordenadores. Há de fato identidade com este tipo de trabalho a ser desenvolvido, ou mero interesse em aumentar a remunenação recebida? Há, por parte de alguns funcionários, uma repetição repulsiva do discurso: "Isso não é trabalho meu!" - Será que esse discurso se aplica, especialmente na educação? O processo de ensino-aprendizagem depende apenas do trabalho desenvolvido em sala de aula??! É claro que não! A educação deve funcionar como uma orquestra. Todos os instrumentos precisam estar afinados (comprometidos) para que a música tocada seja de qualidade, encante!
Da mesma forma que conseguimos ministrar uma aula que foi preparada para o power-point usando o quadro de giz se o equipamento estiver com defeito, podemos encontrar alternativas que não provoquem mais exclusão na vida de crianças que já têm que lidar com abandono e falta de um lar que os ajudem a se desenvolver de forma saudável. Se está nas nossas mãos, então façamos, da melhor maneira!
Não há uma receita pronta. Particularmente já tive muitos problemas com indisciplina e agressão, mas para chegar ao ponto de providenciar a saida de um aluno da sala ou da escola, já havia esgotado todas as outras possibilidades e alternativas, depois de pelo menos 6 meses de tentativas. No caso do Programa "Mais Educação", o funcionamento tem apenas 1 mês. Considero extremo a expulsão ou substituição destes alunos.
Não estou sugerindo que é fácil. Mas, acredito que é possível, especialmente se houver vontade, determinação, parceria, compromisso de todos que fazem a educação escolar acontecer.
Não há uma receita pronta. Particularmente já tive muitos problemas com indisciplina e agressão, mas para chegar ao ponto de providenciar a saida de um aluno da sala ou da escola, já havia esgotado todas as outras possibilidades e alternativas, depois de pelo menos 6 meses de tentativas. No caso do Programa "Mais Educação", o funcionamento tem apenas 1 mês. Considero extremo a expulsão ou substituição destes alunos.
Não estou sugerindo que é fácil. Mas, acredito que é possível, especialmente se houver vontade, determinação, parceria, compromisso de todos que fazem a educação escolar acontecer.
"Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: esforça-te!" (Isaías 41: 16)
Aos que não se encaixam neste perfil de trabalhar com crianças de periferia,com todos esses problemas advindos desta sociedade hipócrita e desigual, por favor, tenham a ombridade de "pedir para sair", até porque, se falharmos com essas crianças hoje, poderemos ser os próximos alvos do revólver de um deles amanhã.
7 comentários:
Quando queremos criticar algum programa primeiramente precisamos conhecer o propósito do Programa. O Mais educação não é um programa exclusivamente de crianças com problemas sociais. O Mais educação quer aumentar o desenvolvimento educacional do aluno, não jogando a responsabilidade de educar para os professores, sabendo que educação vem de casa. A discriminação qual você citou não acontece, em qualquer lugar sabe-se que pessoas que não se comportam adequadamente aos lugares onde frequentam são repreendidas. E em primeiro caso, você disse que para algo dar certo todos da escola (porteiro ao Gestor), devem estar comprometidos, para querer impor algo primeiro devemos ser EXEMPLO.
Cara Raphaela, creio estar havendo um problema de "interpretação de texto". Em nenhum momento afirmei que o programa era EXCLUSIVAMENTE para crianças com problemas sociais, contudo, esta é uma realidade da maioria das escolas contempladas com o programa. A substituição do aluno que causa problemas por distúrbios comportamentais pode até receber um outro nome, mas continuará sendo uma ação discriminatória, excludente. O texto também deixa claro a intenção de contribuir com propostas, ideias, SOLUÇÕES. Não faço criticas vazias. Não há imposisão de ideias. Quanto a dar EXEMPLO, voc~e se refere especificamente a alguma pessoa? Posso apenas responder por mim. Caso seja de seu interesse, visite as escolas onde trabalho. A comunidade testemunha por mim. Busca-se discutir e provocar reflexão sobre a atuação do programa, do qual posso testemunhar com autencidade que não está ainda cumprindo com seus propósitos.
Atenciosamente,
Sunamita Oliveira
Acredito que o Programa é um tipo de piada de mau gosto do governo federal, em que crianças com uma serie de problemas são colocadas em escolas sem espaço,sem material,com profissionais sem nenhuma capacitação trabalhando como voluntários e recebendo uma ajuda de custo ridícula,além de muitas escolas oferecerem merenda de péssima qualidade.
Exitem poucos monitores com vocação, os demais se disdobram em varias escolas durante a semana para ganharem uma quantia digna.
Em um país que se fala tanto em diversidade e inclusão, como podemos reunir uma serie de alunos que a escola acredita "não ter mais jeito" em uma sala pode ter haver com os ideais do paradigma emergente?
Ola pessoal! sou monitor de capoeira do programa mais educaçao e confesso que pra mim tambem nao é facil, ainda mais quando tenho que realizar o trabalho só, pois muitas veses temos a frente pessoas que nao ligam para a situaçao das crianças. me preucupo muito com meus alunos, pois tenho cada um como um filho...mas como todo programa do governo é falho... esta acontecendo comigo e meus colegas de trabalho que ja estamos ha tres meses sem receber essa tal ajuda de custo...tento nao culpar a escola, mas só esta acontecendo isso na escola que trabalho... acho que o nao tem como motivar do porteiro ao gestor em educar MAIS o s alunos, tendo todo dia quer que tirar do seu bolso o dinheiro da passagem em troco" de nada" adoro meu "trabalho" sei das dificuldades e tento vencelas a cada dia que passa... alem de ser pouco ainda nao receber torna o trabalho mais dificel!!!
vlw!
O programa tem se tornando um problema em minha cidade, tamanho prejuízo causado pelos alunos do “MAIS EDUCAÇÃO”. Sem espaço, os alunos ficam em salas provisórias onde se encarregam de destruir praticamente tudo o que veem pela frente, a secretaria de educação esta desesperada diante de dezenas de bibliotecas, salas de musica, quadras e laboratórios de informática depredados pelos alunos. As oficinas não conseguem segurar a atenção dos alunos, que na sua grande maioria, vão para escola unicamente para almoçarem. As oficinas de coral, xadrez, capoeira e horta são as com os piores resultados, simplesmente vem se mostrando inúteis diante da indiferença dos alunos e o descaso das escolas, que sem espaço e materiais, têm visto o Programa como um incomodo continuo.
Essas histórias de sucesso são completamente fraudulentas e chegam a ser até ridículas, é impossível uma equipe sem material e espaço de trabalho, com um grupo de alunos em situação de risco, recebendo de 180 a 300 reais conseguirem ter sucesso. Os educadores do ensino regular já acham complicado lecionar, imaginem os monitores do mais educação.
A tendência corre para a extinção do programa, já que o numero de monitores querendo realmente trabalhar é cada vez menor. Daqui poucos anos o MAIS EDUCAÇÃO ficará cada vez mais assistencialista até não serem mais contratados monitores, mas sim babas para os alunos.
Realmente o Mais Educação tem causado muita dor de cabeça a comunidade escolar. De um lado fica a escola que não conhece o programa, do outro as secretarias de educação que não sabem como trabalhar com os programas de educação integral e no meio de tudo isto estão os monitores que não tem formação para trabalhar com as crianças. Agora 300 reais é uma piada, eu gostaria de saber se algum politico seria voluntario por 300 reais?
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