Ao Mestre Ariano Suassuna com sua Aula espetáculo: A onça malhada, a favela e o Arraial
Ariano Suassuna e a Educadora Sunamita Oliveira
Foto: Ednaldo Lourenço (Boneco)
Foto: Ednaldo Lourenço (Boneco)
No dia 15 de agosto, completou-se 100 anos da morte do jornalista e escritor do célebre livro “Os sertões”, dentre outros significativos títulos - Euclides da Cunha. Infelizmente, pouco se falou a respeito desta data, através da imprensa e muito menos nas escolas, em sua maioria. Pouquíssimos alunos, se indagados hoje, saberiam responder quem foi Euclides da Cunha, muito menos, a contribuição de seu trabalho para que possamos entender o Brasil.
No último dia 17, durante a aula espetáculo realizada em Gravatá, o Mestre Ariano Suassuna afirmou: “Quem não entende o que aconteceu em Canudos, não entende o Brasil”. Esta afirmação se legitima na grandiosidade da obra de Euclides da Cunha, que demonstrou a lisura de seu caráter e conduta ao mudar sua posição de mero expectador de um massacre, passando a apoiar a população vitimizada por uma guerra armada, porque a guerra da sobrevivência, eles já travavam havia tempos.
Engenheiro, jornalista, escritor e poeta, Euclides da Cunha foi o repórter enviado pelo jornal O Estado de S. Paulo para cobrir a Guerra de Canudos (1896-1897). Defensor da República, Euclides acreditava, no início, que Canudos era um movimento em prol da Monarquia, mas ficou chocado com o que viu naquele cenário. Não era nada do que pensava. Tratava-se da manifestação de um povo em busca de melhores condições de vida. Vítimas da seca, da falta de perspectivas e da miséria, depois de enfrentarem por quatro vezes o exército, acabaram sucumbindo. O escritor relata tudo o que presenciou no livro Os Sertões, considerada sua grande obra.
A descrição que Euclides da Cunha faz em seu livro é magistral. Ele fala da natureza, do clima, das dificuldades do homem do sertão... É uma parte difícil, mas importante porque vai justamente esclarecer porque a população vivia naquelas condições. Enfim, em sua obra ele consegue mostrar toda a complexidade da Guerra de Canudos.
Nascido em 20 de janeiro de 1866, Euclides da Cunha envolve-se logo cedo com o jornalismo, aos 17 anos de idade, quando em conjunto com sete colegas funda o jornal O Democrata. Aos 22 anos, protagoniza o Episódio da baioneta ou Episódio do sabre. Durante desfile em homenagem ao então ministro da guerra, o conselheiro Tomás Coelho, em protesto contra a monarquia, Euclides sai da fila de cadetes e tenta quebrar sua baioneta, jogando-a depois aos pés do ministro. Euclides foi desligado do Exército, salvando-se do enforcamento graças à intervenção de seu pai junto ao Imperador D. Pedro II.
Com 31 anos de idade, já no jornal O Estado de S. Paulo, escreve dois artigos sobre Canudos. Mais tarde, em 1902 é lançada a obra Os Sertões. No ano seguinte, toma posse na Academia Brasileira de Letras e no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em 1904, com 38 anos de idade, parte para o Amazonas, como integrante da Comissão de Reconhecimento do Alto Purus. Na manhã de 15 de agosto de 1909, com 43 anos, Euclides vai armado ao subúrbio carioca da Piedade, na residência de Dilermando de Assis, amante de sua esposa. Eles trocam tiros e Euclides morre. O episódio fica conhecido como A Tragédia da Piedade.
Euclides da Cunha deve ser tema obrigatório em nossas escolas, pela grandeza da obra, e não apenas nas aulas de história. Conhecer a história do Brasil é dever moral de todos e qualquer cidadão brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário