"Acreditando na magia que existe na educação! Buscando ser a mudança que quero ver no mundo"!
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

UMA CARTA AO PAPAI-NOEL


Meu nome era Deusuita mas, me chamaram de Vera...

Fui criada por um casal que morava em Camaragibe(PE). Ele tinha duas barracas na feira: uma vendia roupas que ela fazia,e outra de alimentos, carne seca etc..., ele era conhecido com “Zé do Chapéu Véio”.
Lembro de ver sempre alguns índios por ali, pedindo ou esperando terminar a feira ou, recolhiam as coisas que ficavam pelo chão. Esse senhor um dia perguntou se minha mãe, não queria trabalhar na casa dele, para ajudar sua esposa, porque ela era costureira eles tinham dois filhos. A filha era chamada de IVANILDA, e o filho DJALMA.
Minha mãe foi. Não sei se ela já estava grávida de mim ou se ele a engravidou, porque a esposa dele dizia que ele era muito namorador. Só sei que quando eu nasci, dizem que essa mulher bateu na minha mãe e a mandou embora, as pessoas que moravam perto, foram correndo chamar o marido dela na feira, mas quando ele chegou minha mãe tinha sumido. Dizem que ele procurou e não mais a encontrou.
Eles ficaram comigo. Depois de um tempo minha mãe começou a aparecer por lá. Ficava sempre por ali, os vizinhos vendo. Avisaram para eles, que com medo que ela pudesse me pegar, venderam essa casa e foram morar em em JABOATÃO(PE).
Compraram uma outra casa lá. Eu tinha uma madrinha chamada MARIA PROCÓPIO DE SANTANA que tinha 2 filhas: DIRCE e NETA. Me lembro muito bem que era perto de uma linha de trem. Passava trem por ali, do outro lado da linha. Havia uma subida, um morro. Minha madrinha morava lá em cima e tinha um CENTRO ESPÍRITA que recebia o caboclo TUPINAMBÁ.
Eu tenho uma cicatriz na perna direita, adquirida quando estava vindo com ela da casa de madrinha e cai na linha do trem e fez um corte, bem fundo, e ainda apanhei muito dela mesmo com a perna cortada. Minha madrinha desceu e cuidou de mim. Passado um tempo minha mãe descobriu aonde eles estavam morando, e começou também sempre ficar rodeando a casa. Quando ele saia para a feira, eu ficava trancada em um quarto escuro para não sair. Só que eu não sabia que aquela mulher que todo dia ficava por ali era minha mãe.
No fundo da casa deles tinha um pé de coco, e todo dia antes dele sair ele tirava, um para mim comer eu tinha uns quatros anos. Eles já sabiam que minha mãe, andava por ali,eles resolveram,vir embora para cá com um tempo primeiro ele veio arrumar emprego, depois voltou,aí foi quando mim registraram em um CARTÓRIO que tinha,e fui batizada no CONVENTO de FREIRAS, que existia perto. Era o único. Eles não poderiam viajar comigo sem registro. Não sei como eles fizeram.
Quando viemos embora eu já tinha de cinco pra seis anos. Além de mim, eles também pegaram um menino pra criar. Esse, a mãe deu para eles porque era muito doente mas, como ele tem um probleminha por causa da doença, ele é esquecido, mas sabe que não era filho deles.
Quando era pequena, apanhava muito dela. Era como se fosse uma escrava. As vezes eu corria para os matos ficava o dia todo escondida dela só voltava quando eu via que o marido dela havia chegado. Ele era muito bom comigo mas, ela não gostava de mim. Quando ele saia começava o tormento,ela me batia muito e depois jogava no meu corpo água de sal com vinagre, e falava que se eu falasse pra ele, seria pior quando ele fosse trabalhar.
Passei muita fome. Ela me colocava todo dia de castigo, assim que ele saia para trabalhar, cinco horas da manhã, depois que ele já tinha saído, ela me chamava, no meio do quintal ela colocava caroço de milho,e eu ficava ajoelhada, sem comer nada até perto da hora dele chegar, antes que chegasse, eu levantava dali. Era muita dor. Me mandava tomar banho e dormir pra ele não ver. Quando ele chegava perguntava:
- Cadê minha nequinha? - que era eu.
Ela falava: está dormindo. Brincou o dia todo, tomou banho comeu e foi dormir.
Eu ficava ali caladinha chorando. Eu sofri muito com essa mulher. Depois que ele morreu foi bem pior. Na época eu tinha quinze anos.
Só quando atingi a maturidade passei a frear os abusos dela e cuidar da minha vida e logo tive meus filhos e aprendi amar e ser amada por eles. Me orgulho de ter criado meus filhos com muito amor, e amor é o que mais tenho pra dar.
Sou bem conhecida em Cubatão (SP). Alguns me chamam de Tia Vera, outros me chamam de India. Tenho muitos amigos e filhos maravilhosos.
O sonho da minha vida hoje aos 53 anos de idade e com mais esperanca do que nunca, é de um dia poder abraçar minha familia! Seria um presente de Deus para um coraçao tão sofrido, mas cheio de amor e esperança, poder encontrar minha Família!
Os pais de Vera Ferreira
Se vc souber de alguma coisa por favor... seja o Papai-Noel, do que seria o melhor Natal da minha vida!

Feliz Natal a Todos e Próspero Ano Novo!!


Vera Ferreira

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