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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

09 DE AGOSTO - DIA INTERNACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS

Marcelo Werá - guarani de Aracruz/ES. Marcos Xukuru - Pesqueira/PE




Mulheres Kamayurá - Xingu -MT

O dia internacional do índio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) no ano de 1995, através de decreto que indicou o dia 09 de agosto para a referida data.
As reuniões iniciaram-se em Genebra, onde grupos indígenas se reuniam buscando garantir suas condições de vida, seus direitos humanos, que eram marginalizados. O movimento causou atitude de reflexão sobre tais condições subumanas que os mesmos viviam, além do direito a terra e ao resgate de sua cultura. Outros pontos importantes discutidos no evento foram: os impactos sofridos pelos aborígines; a promoção da manutenção de sua cultura pelo mundo, patrimônio cultural e histórico que deve ser preservado por suas riquezas, por sua sabedoria milenar, por suas contribuições para a diversidade das civilizações, tendo se tornado riquezas da humanidade.
Com o passar dos anos, através da reunião, foi instituída a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
A Comissão dos Direitos Humanos também atuou no projeto, a fim de garantir tais direitos.
Porém, a iniciativa ainda é pequena diante de tantos anos de extorsão, discriminação, preconceito e descaso a que a etnia indígena sofreu e suporta até os dias de hoje, mesmo estando protegidos pelo documento, que aparece em quarenta e seis artigos que abordam sobre seus direitos e dignidade.
O Brasil também participou do movimento, pois líderes indígenas se envolveram com os debates, impondo suas necessidades, exigindo o respeito às suas culturas, às distintas línguas, à preservação de seus costumes, da sua forma de ver o mundo. Porém, as primeiras manifestações no Brasil surgiram a partir de um grupo de futebol indígena, o União das Nações Indígenas, mostrando que já estavam politizados.
Cansados de ter sua cultura dominada pela cultura do homem branco, o Gerente do Memorial dos Povos Indígenas e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Cátedra Indígena Internacional, Marcos Terena, deixa seu recado sobre o assunto: “situações de dominação devem despertar nossa revolta e nossa indignação e mais do que nunca nós, como parte do movimento indígena, devemos relembrar as conquistas indígenas e, a cada 09 de Agosto, jamais permitir que o homem branco continue falando por nós, tomando nossas ideias e mantendo uma postura de "grande pai". Esse tempo já acabou, mas compete a nós indígenas, fomentar, divulgar e fiscalizar essas ações racistas e preconceituosas.”
Não importa a região em que se encontram, o país, o estado ou a cidade, nem tampouco as tribos às quais pertencem. Os índios merecem respeito e dignidade.
Sabe-se que assim como outras etnias, devem ser considerados em seus valores, em seus costumes, em seus saberes e cultura. Diante disso, protegê-los contra a dominação de homens de outras progênies, contra a destruição dos seus meios naturais de sobrevivência, contra a falta de política que garantam sua educação, saúde e bem-estar é uma obrigação de todos, segundo a última Constituição do Brasil. Cumpra-se!


Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola


E MAIS:
Em 9 de agosto comemoramos o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Portanto, o WRM quer expressar seu total apoio aos numerosos povos indígenas que lutam corajosamente pelo reconhecimento de seus direitos no mundo inteiro.
Especialmente queremos focalizar-nos no direito daqueles povos indígenas que têm optado por viver em isolamento voluntário. Em um mundo caracterizado pela informação, há assuntos que têm sido invisibilizados de tal maneira, que a grande maioria das pessoas desconhecem sua existência. É o caso desses povos que habitam as florestas da América do Sul, da África e da Ásia. São poucas as pessoas que estão a par de que alguns desses povos ainda não foram contatados pela sociedade predominante e que em outros casos se resistem à integração apesar –ou em decorrência- de terem sido contatados em algum momento de sua história.
A própria existência desses povos está seriamente ameaçada pelo avanço destrutivo do "desenvolvimento". As rodovias que se introduzem na floresta para extrair madeira, petróleo, minerais ou para promover a colonização agrícola e pecuária, podem ser catalogadas como as rodovias da morte para esses povos. Elas transportam não só doenças desconhecidas para as quais seus corpos não estão preparados, mas também a destruição da floresta que é a fornecedora do sustento, a poluição das águas que usam para beber, tomar banho e pescar, os enfrentamentos com quem pretende apropriar-se de seu território, a morte de suas culturas milenares.
É importante enfatizar que esses povos nunca foram perguntados se queriam ser brasileiros, ou equatorianos, ou peruanos, ou congoleses ou camaroneses ou indonésios ou malaios. Simplesmente cada governo (colonial ou nacional) desenhou um mapa e determinou que todos os territórios incluídos dentro de suas fronteiras "pertenciam" ao país ou colônia correspondente. Não importou que esses povos estivessem vivendo nesses territórios antes da própria criação dos estados nacionais ou da colonização estrangeira. Eles foram "nacionalizados" de fato.
Esses povos se encontram em total inferioridade de condições para resistirem o avanço avassalador da sociedade predominante. É por isso que todos os que acreditamos na justiça temos a obrigação de oferecer-lhes, de múltiplas formas, o apoio que necessitam –embora não seja pedido- para defender seus direitos e para deter o genocídio silencioso e invisível ao que estão expostos.
Nesse sentido, a primeira providência que podemos tomar é informar o mundo a respeito de sua existência, como passo inicial a caminho de um objetivo de somar vontades para a defesa de seu direito a viver em seus territórios da forma que eles determinarem, incluído o direito a não integrar-se a uma sociedade à que não desejam pertencer.
Junto a isso, devemos fazer tudo o que for possível para proteger seus territórios de invasões externas vinculadas a atividades tais como a atividade madeireira, a mineração, a exploração petroleira e a colonização. Quer dizer, em primeiro lugar conseguir o reconhecimento legal de seus direitos por parte do Governo e o estrito cumprimento das disposições legais perante possíveis invasões não autorizadas. E além disso fazer com que o Estado exclua explicitamente esses territórios de seus programas de desenvolvimento.
Na realidade, não deveria chamar nossa atenção que houvesse povos que não queiram ser integrados a uma sociedade como a que temos atualmente, que empurra milhões à pobreza e à fome e que destrói tudo o que toca (clima, florestas, pradarias, zonas úmidas, solos, ar). Estes povos não são pobres nem ignorantes. São diferentes e estão mostrando uma enorme sabedoria ao querer manter seu isolamento. Vamos ajudá-los a viver de seu próprio jeito até o dia em que decidam por sua própria vontade, –se isso acontecer, integrar-se à sociedade predominante.

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