"Acreditando na magia que existe na educação! Buscando ser a mudança que quero ver no mundo"!
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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Os Equívocos nossos de cada dia - Por Daniel Munduruku


Mundurukando Dois
Um dos equívocos mais comuns quando o tema é povos indígenas, é considerar toda a diversidade cultural que ainda hoje existe como sinônimo de semelhança. Não é difícil encontrar alguém que ao se deparar com um descendente dos primeiros povos, o identifique como índio. Para o que foi aprendido nos bancos escolares isso parece certo, pois lá nos foi dito que ao chegar ao Brasil Pedro Álvares Cabral pensou ter chegado às Índias, no oriente. Na cabeça de quem escreveu a história deste primeiro contato pareceu que seria muito conveniente chamar aqueles nativos – significado da palavra indígena – pela alcunha índios. Assim passou para a posteridade.
Teria sido assim realmente? Cabral chegou a uma pacata aldeia de pessoas simples que entenderam ser ele e seus navegadores gente superior? Eram, aquelas gentes todas, iguais? Entendiam-se mutuamente? Eram todos amigos e conviviam harmonicamente?
As respostas não podem ser simplificadas. Para cada uma das perguntas outras tantas surgirão em seu encalço. A história que nos foi contada traz o ponto de vista do narrador. Hoje em dia não podemos ficar apenas com pseudo explicação apresentada por um único narrador.
O que sabemos é que as esquadras que Cabral comandava saíram com a intenção clara de encontrar um caminho alternativo para as Índias, que àquela altura era comandada pelo turcos. O que está sendo revelado, no entanto, é que ele havia recebido ordens expressa de vir bisbilhotar a região que Colombo havia encontrado alguns anos antes e de onde corriam vozes da existência de muito, mas muito ouro. Era um verdadeiro eldorado dos contos fantásticos que circulavam pela Europa. Cabral não encontrou ouro algum. Encontrou uma gente relativamente pacata, vivendo uma vida relativamente pacata, sem pressa e sem medo. Era gente bonita, escreveu Caminha, o escrivão. Era bonita de ver, pois não escondiam as vergonhas. No entanto, ouro que era bom, nada. Cabral voltou para Portugal deixando por aqui alguns exploradores que acabaram “descobrindo” outra forma de viver.
A terra era boa, disse Caminha, o escrivinhador. Tudo o que se plantar, nasce. Ele recomendava que se fizesse a colonização. Só que aqui não tinha ouro, tinha apenas o pau-brasil, cujo roubo foi devidamente providenciado através de trapaça sobre os “negros da terra”. Levaram muita madeira para tingir tecidos; papagaios para colorir e falar; alguns nativos para serem expostos ao público; apropriação indevida de conhecimentos ancestrais.
A colonização chegou por lá e o que era para ser um convívio pacifico virou guerra, destruição, perseguição, escravidão, maus-tratos e catequese. Consequentemente também veio a resistência e a descoberta de que aqui havia uma diversidade de povos e línguas; guerras internas entre diferentes povos; alianças entre grupos para combater os invasores que estavam se mostrando perversos, pois seqüestravam mulheres e crianças sem dó ou piedade. Do mesmo jeito a repressão do estado português retrucou gerando leis e regimentos para disciplinar a população da terra brasilis que agora pertencia à coroa portuguesa. Nisso, a alcunha “índio” foi sendo generalizada no uso cotidiano como uma forma de identificar os primeiros habitantes. Não era, naturalmente, palavra para exaltar virtudes, mas para lembrar o que consideravam deficiência porque cercada de adjetivos que diminuíam o caráter das pessoas contra quem era usada. Assim, índio virou sinônimo de preguiçoso, mau-caráter, selvagem, sujo, malandro, cruel, atrasado, ignorante, etc. E servia para todos igualmente desde que fizesse parte de algum povo da terra.
A história contada pelos vencedores quase nunca menciona a manipulação que foi engendrada contra os povos indígenas. Não conta que usaram as diferenças culturais para destruir a alma desses povos; não conta a estratégia utilizada para silenciar grupos inteiros que eram vitimados por doenças contraídas pelo uso de roupas contaminadas; nada diz sobre alimentos contaminados ou rios envenenados. Nos raros livros em que isso aparece, conta-se como superioridade, como esperteza.
De qualquer modo a palavra chegou até o século XXI. Ela continua sendo um fantasma a assustar os nativos brasileiros. Ela continua vitimando muitos jovens indígenas que não conseguem superar a perda de sua identidade cultural. Ela ainda carrega consigo as marcas do sofrimento vivido por muitas gerações que sobreviveram à história dos vencedores. Ela continua sendo um equívoco que precisa ser extirpado da mentalidade nacional. Este não é o único equivoco que trazemos em nossa cabeça, mas certamente é o mais nocivo porque alimenta todos os outros. Ao conseguir se livrar deste modo genérico de referir-se aos povos indígenas, a sociedade brasileira irá dar um passo enorme na sua capacidade de conviver com a diferença.
Sei que tem gente que acha que a palavra “índio” é, na verdade, inocente e que acha até bonito referir-se assim a um indígena, pois valoriza a cultura. Digo a essa gente que a experimente na pele antes de confiar-lhe áurea de inocência. Experimente o desprezo que ela carrega para poder sentir a necessidade do que estou propondo nestas reflexões. Podem ter certeza: ser “índio” custa muito caro para quem traz em si a marca de uma ancestralidade.
No fundo trata-se exatamente disso: compreender a diversidade que está escondida numa única palavra que alimenta o imaginário do brasileiro. Compreender a riqueza de centenas de culturas que ajudam o Brasil ser mais forte, mais rico, mas próspero. Compreender e aceitar que é preciso dar voz e vez às gentes que já estavam aqui presentes antes do brasil ser Brasil. Aqui não há índios, há indígenas; não há tribos, mas povos; não há UMA gente indígena, mas MUITAS gentes, muitas cores, muitos saberes e sabores. Cada povo precisa ser tratado com dignidade e cada pessoa que traz a marca de sua ancestralidade, precisa ser respeitada em sua humanidade. Ninguém pode ser chamado de “índio”, mas precisa ser reconhecido a partir de sua gene Munduruku, Kayapó, Yanomami, Xavante ou Xucuru-Kariri, entre tantos outros.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Vamos brincar de índio? Por Daniel Munduruku


Mundurukando Um

O mês de abril traz em seu bojo o fato de lembrar do “índio”, o folclórico e legendário primeiro habitante do Brasil. Em muitas escolas os professores irão dedicar boas horas letivas para inculcar nas crianças ideias preconcebidas a respeito do nativo brasileiro. Talvez se encontre entre eles quem ainda acredite ser o silvícola um ser fora de moda e longe dos padrões econômicos em que vive. Este irá reproduzir antigas falas sobre o atraso tecnológico, a preguiça, o canibalismo e a selvageria. Haverá quem tenha ultrapassado essa visão tacanha e se preocupe em mostrar a outra face da moeda quem sabe até dando voz e vez aos primeiros habitantes. Haverá de tudo, certamente.
Nos meus 25 anos de atuação dentro das escolas brasileiras eu já vi de tudo. Vi crianças com medo “porque o índio canibal ia chegar”; vi professoras perguntando “se índio come gente”; vi adolescentes – com verdadeiro interesse – querendo saber sobre sexo na aldeia; presenciei pais e mães almejando caminhos possíveis para a educação dos filhos indagando sobre o método de educar dos povos indígenas, pois se sentem perdidos nos dias de hoje.
Vi coisas boas também: escolas levando a sério o tema, não permitindo que seus educandos se comportassem de maneira preconceituosa ou racista; vi educadores levando a sério o ato de contar histórias tradicionais; vi quem usasse as técnicas de luta corporal indígena para desenvolver habilidades físicas nas crianças; vi grupos de teatro escolares produzindo lindas releituras dos saberes indígenas.
Como podem perceber diferentes concepções proporcionam diferentes abordagens. O que está em jogo nesse caso é o fato de que o sistema escolar não está conseguindo se atualizar – apesar da tão propalada tecnologia – para lidar de forma mais humana com os novos tempos que vivemos. Infelizmente, no entanto, acontecem ainda muitos equívocos que diminuem todos os povos indígenas brasileiros.
Já estive em escola, por exemplo, que para me recepcionar colocou todas as crianças cantando a música “vamos brincar de índio?”, executada pela voz esgarniçante da rainha dos baixinhos. Apesar da beleza plástica da execução e da boa intenção de quem montou a coreografia, não pude deixar de dar minha opinião sobre o tema. O pior é que em uma outra instituição fui recebido com a também famosa canção one, two, three little indians...O menos ruim, eu diria, é ver jovens batendo na boca o sempre lembrado uh,uh,uh muito conhecido através dos filmes norte americanos que retratam as comunidades indígenas daquela região do mundo. Nessas horas fico sempre me perguntando qual tem sido o papel da escola na formação da consciência crítica de nossas crianças e jovens. Infelizmente quase incondicionalmente percebo que o caminho para a liberdade crítica é longo e deve estar a muitas léguas de todos nós brasileiros.
O mês de abril traz muitas possibilidades de reflexão e é bom que assim seja. Talvez a mais importante seja rever o conceito do “índio” que está introjetado no coração do brasileiro. As escolas e seus profissionais precisam fazer uma leitura crítica sobre como estão lidando com este conceito e, quem sabe, passar a tratar o tema com a dignidade que merece. Precisa começar a se dar conta que esta palavra traz consigo um fardo muito grande e pesado, pois se trata de um apelido aplicado aos habitantes dessa terra. Pensar que a palavra é um engano tão grande quanto considerar que estes grupos humanos podem ser reduzidos a ela. Não podem.
Isso seria continuar escondendo a diversidade cultural e lingüística que o país traz em seu bojo desde a chegada dos europeus conquistadores. É colocar debaixo do tapete a existência, hoje, de 250 povos (e não tribos, como fomos acostumados a chamar) espalhados por todos os estados brasileiros, falando algo em torno de 180 línguas e dialetos ( não apenas o tupi, como antes se ensinava). É também não lembrar que há mais de 50 grupos nativos que estão sem contato com isso que chamamos desenvolvimento; grupos que teimam em viver uma vida sem tanto aparato tecnológico por considerarem que o seu jeito de viver lhes é suficiente.
Além do mais é importante refletir qual o papel que estas populações ocupam no Brasil de hoje; seus principais problemas e dificuldades para manterem seu modo ancestral de viver; quais suas demandas principais e como interagem com o mundo moderno, global e localmente. É provável que, ao fazer uma boa pesquisa, encontre notícias muito alvissareiras com relação às respostas que estes grupos estão dando aos problemas que enfrentam.
Enfim, é necessário que a escola se reposicione enquanto instituição para assumir seu papel de formadora de opinião e de capacidades tão necessárias para banir do mundo a desigualdade, o preconceito, a banalização do outro, a visão de superioridade nacionalista, sentimentos que mancham a história da humanidade.
O mês de abril tem que superar, portanto, o próprio mês de abril.
Tenho certeza que agindo assim, nunca mais teremos que dizer aos nossos jovens e crianças: “vamos brincar de índio?”

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Representantes dos povos indígenas protestam no Recife por educação

Presidente da Comissão de Educação da Alepe recebeu manifestantes.
Regulamentação da política da educação indígena é uma das pautas.

Lorena Aquino Do G1 PE
 
 Representantes de 11 dos 12 povos indígenas do estado estiveram na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) no fim da manhã desta quarta-feira (3), para uma audiência com a presidente da Comissão de Educação e Cultura, Teresa Leitão, para debater as reivindicações dos povos com relação à educação indígena específica. Além da regulamentação da política de educação indígena, os povos exigem também a criação da categoria de professor indígena.
Antes da reunião, vários índios foram ao Marco Zero, no bairro do Recife, e em seguida se reuniram em frente à Alepe. De acordo com Ysso Truká, um dos representantes dos povos indígenas, a reivindicação vem por causa de ações prometidas e não cumpridas pelo governo. “Queremos que o governo cumpra o programa de educação para os índios em Pernambuco, com concurso público para professores. Além disso, queremos que seja revista a  PEC 215, que dá o poder administrativo da Funai para a Câmara Legislativa. Para nós, é um risco muito grande”, afirma.
De acordo com o cacique do povo Xucuru e membro da coordenação da Comissão dos Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe), Marcos de Araújo, uma audiência do ano de 2003 teria estabelecido um plano educacional de ação para os povos do estado. “Esse plano de ação foi discutido com todos os caciques aqui presentes. Estava inclusa a criação de um sistema próprio de educação indígena para Pernambuco, entre outras ações. Não conseguimos avançar em absolutamente nada com relação ao plano”, declara o cacique. Durante a reunião, superintendente de Desenvolvimento de Pessoas, Ana Paula Carneiro, afirmou que o processo com relação à criação da categoria de professores indígenas não está parada e será analisada por uma comissão.
Índios protestam no centro do Recife (Foto: Kety Marinho/TV Globo)Representantes dos povos indígenas chegaram caminhando à Assembleia Legislativa.
(Foto: Kety Marinho/TV Globo)
 
A promotora de Justiça da Vara da Educação, Leonora Maria de Silva Rodrigues, presente à reunião, explicou que os prazos do estado para início do concurso público para contratar professores indígenas se encerraram no mês de dezembro de 2009. “O plano de ação foi assinado no mês de março de 2008. O estado tinha até o final de 2009 para providenciar o levantamento da necessidade do pessoal”, explica a promotora, detalhando que são contratados professores temporários para suprir as necessidades dos povos. “No meu entendimento, o estado está sendo totalmente omisso com relação a essa matéria. Acho que já passou o tempo de criar comissões”, completa.
Comissão da Assembleia recebeu manifestantes (Foto: Lorena Aquino / G1) 
Comissão da Assembleia recebeu manifestantes
(Foto: Lorena Aquino / G1)
 
Para a deputada Teresa Leitão, o assunto é muito delicado e deve ser debatido com cautela. “É  um grande desafio para a Alepe. A organização tem pleiteado melhorias, já há a Comissão de Professores há vários anos, então merece um tratamento especial. Vamos ouvir as propostas da Secretaria de Educação e do Ministério Público de Pernambuco”, declara a presidente.
Na reunião, estiveram presentes cerca de 70 representantes dos povos indígenas, a professora da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe), Edilene Bezerra, o representante da Sintepe, professor Jair Filho, a gerente de Direitos Humanos da Secretaria Estadual de Educação, Marta Lima, e a promotora Leonora Maria.
Os deputados presentes na audiência pública se mostraram favoráveis às exigências dos povos indígenas. “Não temos interferência direta, mas isso não impede que nós nos posicionemos. Queria externar meu apoio”, declarou o deputado estadual Betinho Gomes (PSDB-PE).
Ao fim da audiência, a deputada Teresa Leitão afirmou que vai enviar a síntese da reunião para a Secretaria de Educação, Secretaria de Administração e Secretaria de Direitos Humanos, além da publicação no Diário Oficial desta quinta (4). "Estamos em número pequeno aqui, mas temos condições de dar visibilidade a isso. A luta é difícil, mas nem por isso vamos deixar de lutar pelo direito a uma educação pública de qualidade", concluiu a deputada.

Disponível em:
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/04/representantes-dos-povos-indigenas-protestam-no-recife-por-educacao.html

CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA NA ESCOLA MARIA ALICE DA VEIGA PESSOA


Equipe da escola reunida com os ilustres convidados! (Da esquerda para a direita: Profª Isabele, Profª Alexsandra, Profª Vilma, Profª Conceição, Profª Amanda, Pastor Tony Belo da Igreja Sara Nossa Terra, Gilvan Vieira radialista, Profª Sunamita Oliveira, Josenildo Sales, da Paróquia de Sant'Ana, Profª Edileusa, Sra. Marilene do Ministério Público, representando Dra. Fernanda Nóbrega (nossa madrinha) e o Vereador Leo do Ar. (Foto: Clebson Amsterdan - Portal GN)

A celebração da Páscoa da Escola Maria Alice da Veiga, foi a maior demonstração de generosidade, respeito e confiança que se pode dar à um trabalho. Generosidade das pessoas que contribuiram, seja financeiramente, para viabilizar a realização deste evento, seja com a participação através de seus talentos, para enriquecer ainda mais essa festa.
Desta forma, conseguimos reunir a secretaria de educação, através da Secretária Sra. Francisca Nogueira, sua assessora Sra. Edna, e a coordenadora  Profª Adeni; o Ministério Público, através das promotoras de justiça, Dra. Liliane Asfora e Dra. Fernanda Nóbrega (que foi representada pela funcionária Sra. Marilene); a igreja evangélica Sara Nossa Terra, através do Pastor Tony Belo, o levita Josenildo Sales, da igreja matriz de Sant'Ana, o radialista Gilvan Vieira, da 106,7 (Rádio Nova Gravatá), o vereador Léo do Ar, líder do PSDB na Câmara de Vereadores de Gravatá, o grupo de teatro ICETAG - Instituto Cultural e Ecológico Terra Agreste (antigo Teatro de Amadores de  Gravatá), através do Profº Carlos Fester, que nos brindaram com uma maravilhosa encenação da Paixão de Cristo e, ainda presentearam as crianças com um Cordel Ilustrado, escrito pelo Profº Carlos Fester, sobre a Paixão de Cristo.
Tivemos ainda a cobertura feita pelo jornalista Clebson Amsterdan, do Portal GN, que nos cedeu diversas fotografias, além da estrutura montada pela PROMOFESTA.
Nossa gratidão se estende à equipe da escola Maria Alice, desde o porteiro/vigia Sr. Agnaldo, à todos os professores já mencionados nas imagens, as nossas merendeiras Jane, Maria e Carminha.
À Deus, pelo dom da vida, pela força e determinação concedidas, por tornar possível tudo isto, minha gratidão!
                                             Estejam certos de que, jamais esqueceremos!!!





Secretária de Educação de Gravatá/PE - Sra. Francisca Nogueira

Encenação do grupo de teatro ICETAG (Profº Carlão e cia.)

 













Dra.Liliane Asfora - Promotora de Justiça de Gravatá/PE









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